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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO, O AGRONEGÓCIO E AS CONSTRUTORAS GANHARAM A PRIMEIRA BATALHA

A obra de transposição do Rio São Francisco é uma obra faraônica de encher os olhos das construtoras: 622 km de canais, 40 km de túneis, 35 reservatórios, 27 aquedutos, 09 estações de bombeamento e 02 centrais hidroelétricas. Tudo isso custará aos cofres públicos R$ 20 bilhões de reais e mais R$ 93,8 milhões por ano com serviços de manutenção.

Com toda essa dinheirama podem afirmar que estamos sendo pessimistas em condenar uma obra que “levará água para os sertanejos que estão sofrendo com a falta de água”. Caso a transposição tivesse mesmo essa finalidade justificaria todo esse gasto. Entendemos que para garantia das condições de vida digna aos cidadãos, de qualquer parte do mundo, não tem preço. Entretanto, com 17% da obra realizada, a realidade das populações ribeirinhas por onde estão passando os canais, túneis, aquedutos e reservatórios é muito diferente do discurso oficial.

Mesmo com a água e a energia está passando nas proximidades das residências, os sertanejos não têm qualquer perspectiva de terem luz elétrica e água encanada. Segundo denúncia do Jornal Brasil de Fato, os moradores estão sendo presos pela política local e exército por estarem retirando baldes de água dos reservatórios e canais para uso do gado e da própria família.

Outro fato grave, segundo o jornal, é o processo de desapropriação das casas pelo exército que está dando o prazo de 24h para os moradores deixem suas residências. Caso contrário, as máquinas passam por cima de tudo que encontram pela frente. As indenizações não são suficiente para que possam comprar outro espaço e muitos moradores estão vivendo em situação de penúria em função da ação truculenta do governo expulsando-os de suas casas em nome do “progresso”.

A transposição caminha para ser uma obra quase que exclusiva para irrigação como forma de beneficiar o agronegócio. Essa denunciava tem sido feita reiteradas vezes os movimentos sociais contrários a obra. O projeto de impacto ambiental consta que 70% das águas são para irrigação, 26% para o setor industrial e 4% para abastecimento humano.

O mais grave disso tudo é que relatório da ANA-Agência Nacional de Águas afirma que bastaria R$ 3,3 bilhões e 530 obras de pequeno e médio porte que resolveria o déficit de água em toda região Nordeste e norte de Minas Gerais.

O que se ver é que o agronegócio e as construtoras estão comemorando, pois serão os beneficiados com essa obra. Entretanto, a organização dos movimentos sociais denunciando publicamente essas injustiças e promovendo ações contra o processo de privatização das águas do Rio São Francisco será fundamental para revertermos essa situação. O jogo ainda não acabou e podemos ser vitoriosos nesta batalha.

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