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sexta-feira, 26 de março de 2010

UNIÃO EUROPÉIA: UNIDADE ECONÔMICA PARA EXPLORAÇÃO DOS PAÍSES POBRES

A União Européia é um bloco econômico mais antigo, surgiu como alternativa encontrada pelos países europeus para evitar a existência de uma terceira Guerra Mundial em seus territórios. Como as duas primeiras guerras mundiais aconteceram em solos europeus, o bloco buscava evitar o novo confronto. Assim, surge um bloco com a união de países de todas as partes do continente numa parceria econômica e política entre 27 nações.

A união destes países tem o objetivo de promoverem o livre comércio e a livre circulação de pessoas entre os membros do bloco. Essa união tem avançado no sentido da defesa de democracia com a criação do exército europeu e da criação de uma moeda única (EURO), combinado com a criação do Banco Central Europeu. Toda organização visa garantir maior lucratividade entre as empresas européias que aumentaram substancialmente a lucratividade nesse período.

Na medida que ampliou o mercado consumidor, com união de 27 países, aumentou, também, a produção industrial e agrícola e o comércio. Em teoria, todos os países são beneficiados com esse modelo de organização econômica, pois as empresas aumentam o leque de mercado. Entretanto, não é essa a realidade existente no continente. A crise econômica mundial aprofundou os problemas, que já existiam, a níveis insuportáveis, principalmente nos países considerados PIIGS, sigla criada para ressaltar o grupo de países da União Européia que estão enfrentando atualmente sérios problemas financeiros, econômicos e sociais: Portugal, Islândia, Irlanda, Grécia, Espanha e os países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia).

A crise econômica mundial de 2008 obrigou os Governos, em todo mundo, a adotarem política fiscal para amparar a economia nacional. Entretanto, nos PIIGS isso não aconteceu. Seguradoras como Allianz puseram somas consideráveis em empréstimos governamentais aos países PIIGS, que perdem seu valor rapidamente a partir da queda das bolsas de valores. Portanto, os países endividaram-se, perderam todo dinheiro durante a crise e comprometeram todo PIB no pagamento de Juros da Dívida Pública. Tal situação está resultando em mais arrocho fiscal contra a população para honrar os compromissos financeiros, sem melhoria das políticas públicas.

Outra grave crise econômica afeta os países europeus que pertenciam a antiga União Soviética. Estes países, com o fim do socialismo, adotaram um modelo econômico capitalista diferente do adotado pelos países europeus ocidentais.

Nos países Ocidentais, o modelo capitalista adotado foi do “Estado de Bem-Estar-Social”. Neste Modelo, as políticas públicas são valorizadas, favorecendo a melhoria qualidade de vida. Assim, os governos priorizaram a garantia de educação, saúde, habitação, saneamento básico e geração de emprego com elevados salários para a população em geral. Essas políticas garantiram a população condições vidas diferentes dos países capitalistas dos outros continentes.

Vale ressaltar que a disputa Capitalismo X Socialismo, no período da Guerra Fria era muito forte no continente europeu, pois o mesmo estava dividido. Desta forma, houve um investimento bastante elevado dos Estados Unidos nas nações européias capitalismo como estratégias de disputa geopolítica. O resultado desses investimentos foram políticas públicas que melhoram a qualidade de vida da população, dentro da lógica do Estado de Bem-Estar-Social.

Já as nações da Europa Oriental que eram socialistas e, com o fim da União Soviética e da Guerra Fria, passaram a ser capitalistas vivenciaram outro modelo de gestão capitalista. Ai foi adotado o “Estado Mínimo”. Neste modelo, chamado de neoliberalismo, as políticas públicas são secundarizadas pelo fato do Estado. A ele cabe, não investir em políticas públicas, mas: Priorizar incentivos fiscais as empresas, reduzindo a arrecadação pública; Permitir a financeirização da economia baseado na especulação financeira realizada pelos grandes bancos e empresas multinacionais em detrimento do fortalecimento da economia produtiva; e Estimular a privatização da economia, a partir da venda das empresas estatais e das terras públicas para as grandes multinacionais. Tudo isso gerará um processo inverso do ocorrido no Ocidente europeu.

A política do “Estado Mínimo” nos países orientais gerou diversos problemas sociais como: fome, miséria, violência, sem-tetos, sem-terras, prostituição, tráfico de drogas entre outros. Tudo isso, fruto da política neoliberal de privatização e financeirização da economia gerando um horror social destrutivo. O mesmo horror da política européia, que consiste em tratar esses países de forma bem diferente da prometida, não os ajudando a se desenvolverem em termos europeus ocidentais.

A entrada dos países orientais na União Européia serviu para que as nações ocidentais, com suas empresas multinacionais adotassem uma política de colonização dos mercados financeiros e de exportação de seus produtos industrializados com elevada tecnologia. Esse déficit comercial das nações orientais européias resultou na destruição da economia nacional e no alto índice de desemprego e problemas sociais que tem resultado no elevado índice de emigração.

A Letônia, por exemplo, vem passando por uma das piores crises econômicas ocorridas em todo o mundo. E não se trata somente de uma questão econômica, mas também demográfica. A diminuição brusca de seu Produto Interno Bruto (PIB), em 25,5% nos dois últimos anos (quase 20% só no último) já constitui a pior queda bianual de que se tem registro. O setor público letão acumula dívida rapidamente. A Letônia passou a ter uma dívida que, em 2007, representava 7,9% do PIB, com uma projeção para este ano de 2010 de cerca de 74% do PIB nacional.

A previsão indica que, no melhor cenário possível, se estabilizaria em 89% em 2014. Isso significa que a arrecadação do país servirá apenas para pagamento de juros da dívida externa e a conseqüente ausência políticas públicas para atender a população. Essa situação gera um dilema draconiano: “ quem tem dinheiro come, quem não tem morre de fome.” Em muitos países Orientais o volume da dívida nominal em moeda estrangeira também supera em muito o que esses países podem arrecadar mediante a exportação dos produtos de seu trabalho, indústria, agricultura, extração mineral etc.

Entretanto, as nações ocidentais européias (Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica, Holanda entre outras) não parece estarem preocupadas no que está acontecendo com a Letônia e os outros países pós-soviéticos. Essas nações servem de colônias para os elevados lucros obtidos pelos banqueiros e investidores da Europa Ocidental. Os bancos nacionais, criados no período do socialismo soviético, foram privatizados e os empréstimos e juros são feitos em moedas fortes, como o Euro, com penhora de prédios, empresas e terras que facilmente são tomadas pela impossibilidade de pagamento dos nativos.

O processo gritante de desemprego entre a população tem resultado num baixo ou ausente índice de sindicalização. Assim, o processo de perda de direito é muito forte, fato que deixa esses países como paraísos para investimentos com mão-de-obra barata e flexibilização dos direitos trabalhistas, ou seja, perda de direito.

Quando o Euro foi introduzido em 1999, os países da União Européia estabeleceram três dogmas incontestáveis, a saber: a política fiscal é ineficiente para garantir a estabilização econômica dos países membros; a inflação será controlada através das reservas monetárias e o próprio comportamento do mercado; quando houver problemas, os desequilíbrios serão corrigidos de maneira automática, ou seja, o próprio mercado resolverá os problemas identificados. Mas os dogmas da União Européia não estão sendo aplicados para os países da Europa Oriental que sofrem da exploração exercida pelas nações da Europa Ocidental.

Talvez a alternativa proposta pela Venezuela de Bloco Social através da ALBA-Alternativa Bolivariana para América seja o caminho que as nações mais pobres do mundo devam buscar para superação de seus problemas sociais e econômicas de forma solidária. A ALBA é um bloco econômico criado a partir da cooperação entre as nações, buscando formas que não faça distinção entre os países. Ela busca o alcance de um patamar uniforme de desenvolvimento. A igualdade seria consolidada a partir da aplicação de medidas de compensação, ou seja, de ajuda mútua entre os países do bloco que propõe ainda o oferecimento de créditos, equipamentos e tecnologias direcionadas às empresas como forma de fortalecimento da economia nacional e geração de emprego e renda.

3 comentários:

  1. Caro professor.
    Tente rever a sigla PIGS (alguns países estão equivocados)

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  2. seu texto está excelente,bem aprimorado e etc...
    tenho 12 anos e seu texto me ajudou no trabalho de história e geografia
    obrigada ;D

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  3. a sigla PIGS está incorreta, por favor pesquise direito.

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