Pesquisar este blog
sábado, 30 de abril de 2011
Prioridade no vestibular desqualifica escolas de ensino médio
Del Vilela é o acrônimo de Adelmice Vilela de Almeida; Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Relações Públicas, Licenciada em Letras/Português e Especialista em Pedagogia Empresarial.
É grave a realidade da qualidade de aprendizagem nas escolas de Ensino Médio no Brasil, conforme averiguou periódico de dimensão nacional, recentemente . Seguindo ao roteiro da matéria, vamos refletir um pouco sobre a questão. Constata-se, por exemplo, que as escolas estão priorizando tanto o vestibular que estão esquecendo o ensino de literatura contemporânea. O dado aponta para a necessidade de ser repensada a qualidade do ensino no país e qual o objetivo de ensinar.
O artigo. 22 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei 9.394 de 1996, determina qual deve ser a finalidade da Educação Básica Nacional. A lei assim define: “A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. O texto da lei aponta, portanto, três finalidades para o ensino básico: exercício da cidadania, progredir no trabalho e nos estudos posteriores. Entretanto, apenas o terceiro item está sendo levado em consideração pelas escolas públicas e privadas.
Qualquer aluno do ensino médio ao menos já ouviu falar de Machado de Assis ou de José de Alencar, nomes frequentes nas listas de livros cobrados pelos vestibulares. Mas é difícil encontrar quem já tenha lido Cristovão Tezza ou Luiz Ruffato, só para citar dois ganhadores do Prêmio Jabuti nos últimos anos. Os professores de história e literatura têm dificuldades em trabalhar com seus alunos. Um dos motivos, segundo os mesmos, é a falta de tempo, pois o ensino da história e da literatura segue uma ordem cronológica que é cobrada pelas provas.
O mais contraditório desse processo são as universidades públicas que estimulam esse modelo de ensino ”capenga”. Entretanto, as orientações curriculares do Ministério da Educação para o ensino médio já dizem que a ordem não precisa ser seguida, mas os professores e alunos seguem pelo fato de as universidades públicas exigirem nos concursos.
As listas de conteúdos para o vestibular tornam o ensino médio desestimulante para aqueles alunos que não querem fazer o vestibular e sim a conclusão da educação básica para conseguirem emprego. Além disso, o modelo predominante no país aponta para uma questão extremamente grave: o ensino básico está cada vez menos preparando os estudantes para o exercício da cidadania. A ausência de acesso as leituras diversificadas, a pesquisa, a produção de texto, está transformando crianças, adolescentes e jovens em pessoas individualistas, consumistas e alienadas, adaptadas aos padrões de “Malhação”.
Entendemos que uma das alternativas para superação dessa situação no ensino de história e de literatura é comparar as diferenças entre as estéticas de escritas sobre temas literários, bem como os períodos históricos. Entender a história para compreender o presente tornaria as leituras mais prazerosas. O uso de filmes ou peças teatrais pode ser um caminho para que entendam o contexto e os estimulem a ler. Todavia, continuar com esse modelo de preparação para o vestibular é um erro - e as escolas devem repensar. Além disso, cabe destacar também o papel que as Universidades públicas poderiam (deveriam?) ter de alterar o formato das provas a fim de estimular outra formulação de aprendizagem para o Ensino Médio no país.
Há muitos brasileiros que podem se beneficiar de uma melhor qualificação já no ensino médio e que, além disto, estão insatisfeitos em reproduzir práticas conservadoras aprendidas na escola. Afinal, um mundo melhor não deve ser privilégio de quem passou no vestibular.
Texto foi publicado no Jornal da Cidade no dia 20/04/11 ed 11.629 p.B-6.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário