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quarta-feira, 8 de junho de 2011
Exmo. Senhor Governador Marcelo Deda, Espero que esta carta chegue em suas mãos.
Lembro-me, quando criança, na década de 80, ouvir seu nome diversas vezes por um primo que hoje não mais se encontra morando em Aracaju.
Lembro-me da alegria dele em ser um militante dos Partidos dos Trabalhadores, se não militante, no mínimo um fã de carteirinha, digamos assim, dos ideais seguidos pelos “vermelhos revolucionários”. Quando o Exmo. começou a galgar os primeiros cargos políticos, como Deputado, eu começava a interessar-me por política, não como político, mas como cidadão bem informado e educado.
Lembro-me que as pessoas estavam cansadas dos mandos e desmandos das antigas oligarquias de Sergipe, representadas pelos Alves e Francos. No entanto, via crescer um homem que tinha se tornado um símbolo de esperança para esse povo sofrido, porém trabalhador, feliz e honesto. Os trabalhadores, principalmente os professores, estavam demasiadamente humilhados pelos que sempre se alternavam no poder. Todavia, tínhamos a esperança, você! O “herói” daqueles que tinham a certeza de que sua chegada ao poder executivo acabaria, como você mesmo gostava de dizer, com a mesmice.
Lembro-me que ao ganhar pra prefeito de Aracaju alguns colegas mais velhos choraram emocionados, como que pensassem: finalmente o proletariado governará a capital Sergipana. Lembro-me de um colega, que lecionou a sua filha, em uma das melhores escolas particulares do Estado, afinal ela não poderia estudar em escola pública, pois as escolas dessa época não poderiam fornecer a educação de qualidade que ela merecia, visto que os Alves e os Francos nunca se preocuparam com a Educação do povo sergipano.
Sim, mas voltando ao meu colega... este chegou a chorar, pois devido ter a sua mesma idade, acompanhou de perto sua ascensão. Chegou a dizer: teremos o melhor prefeito, o melhor governador, e quem sabe o melhor presidente desse país. Ingênuo?!... Nós fomos!... Você pode se tornar tudo isso, mas não para os que sempre te apoiaram, os trabalhadores, principalmente os da rede pública, pois foste eleito com os votos deles e de seus familiares.
Ao chegar à prefeitura tivestes até um primeiro mandato razoável, porém como que dominado pela sede de poder, começou a mudar. Aliou-se a quem antes criticava e combatia, ao ponto de ter como vice-governador um dos políticos com a ficha mais suja desse país. Realmente você acabou com a mesmice!
Sou professor e hoje me sinto mais humilhado do que na época de João Alves e Albano Franco, pois que destes tudo de ruim esperava, mas não de um guerreiro que sempre esteve do nosso lado. De um inimigo tudo esperamos, mas de um amigo de luta jamais esperamos uma traição.
É assim que nós funcionários públicos, principalmente nós professores do Estado de Sergipe, estamos nos sentindo. Humilhados, mendigando uns mil e poucos contos como salario base, com todos os nossos direitos adquiridos em anos de luta, afinal, de todos os funcionários públicos somos os que possuem o menor salário. Mas pra que um professor ganhar como um delegado, promotor, médico, juiz? Afinal, qualquer país de primeiro mundo cresceu sem investir em educação, pagando mal aos seus professores e sem dar condições dignas de trabalho, não é verdade? Além disso, os filhos da elite não frequentam essas escolas!
Já ouvir dizer que você entrará para história desse Estado, como uma junção de Judas e Jesus Cristo. Judas por trair os trabalhadores e Cristo por conseguir ressuscitar João. Espero que isso não se torne realidade.
Os que vão ler essa carta, podem achar que sou sem malícia, louco ou otário, mas ainda tenho esperança de que você vai rever seus conceitos, deixar a arrogância e a prepotência de lado, rever seu passado triunfante, olhar para os que verdadeiramente te apoiaram, não esses que hoje são aliados politicamente, mas aqueles que iam as urnas com lágrimas no coração e fé na alma, dar um voto de confiança naquele que poderia mudar o rumo dessa história. Mudar para melhor!
Você ainda pode fazer isso, há tempo! Não se torne mais um Alves, mais um Franco, pois nestes jamais votarei, porque passei anos sentindo o gosto do fel , mas também não poderei jamais acreditar em você ou naqueles que se dizem seus aliados de luta e que nos apunhalam pelas costas.
Gostaria de entender o que faz uma pessoa mudar tanto e desdenhar seus ideais de luta. Termino parafraseando Jesus:
Déda, por que nos abandonastes?
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