Dados divulgados, em 03 Maio de 2011, pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada a partir de levantamentos preliminares do Censo Demográfico de 2010 mostram uma realidade bastante preocupante. Ainda existem mais de 16 milhões de brasileiros em situação de miséria. A maioria desses brasileiros vive em situação de extrema pobreza é negra ou parda, jovem e vive na Região Nordeste.
O governo considera extremamente pobres aquelas famílias com renda igual ou inferior a R$ 70 por pessoa. Esse parâmetro será usado na elaboração do plano Brasil sem Miséria, a ser lançado em breve pelo governo federal. Os 16 milhões de brasileiros em situação de miséria correspondem a 8,5 % da população do país. Desse total, 70,8% são pardos ou negros e 50,9% têm, no máximo, 19 anos de idade e 4,8 milhões desses brasileiros não têm rendimento. O restante, 11,4 milhões, tem renda que varia de R$ 1 a R$ 70.
O mapa revela que 46,7% dos extremamente pobres vivem no campo, que responde a 15,6% da população brasileira. De cada quatro moradores da zona rural, um encontra-se na miséria. As cidades, onde moram 84,4% da população total, concentram 53,3% dos miseráveis. Na Região Nordeste estão quase 60% dos extremamente pobres, 9,61 milhões de pessoas. Em seguida, vem o Sudeste, com 2,7 milhões. O Norte tem 2,65 milhões de miseráveis, enquanto o Sul registra 715 mil. O Centro-Oeste contabiliza 557 mil pessoas em situação de extrema pobreza.
A análise dos dados revelam também que, além da renda baixa, a parcela da população em extrema pobreza não tem acesso a serviços públicos como: água encanada, coleta de esgoto e energia elétrica. A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, falou sobre esses dados e afirmou que o plano Brasil sem Miséria será lançado em breve pela presidenta Dilma Rousseff. O plano terá por objetivo acabar com a pobreza extrema no Brasil até 2014 e combinará políticas de transferência de renda e de capacitação profissional com ampliação dos serviços ofertados pelo Estado.
Os dados de Sergipe aproximam-se dos nacionais. O Estado possui 15% de sua população na condição de miséria. Em números absolutos, dos 2 milhões de sergipanos, mais de 311 mil estão nessa situação o que corresponde a 74.688 famílias. Entretanto, comparado a Santa Catarina que possui apenas 1,6% nessa condição, o Estado precisa investir fortemente na qualidade de vida dos seus. Observando os dados no site do IBGE, Sergipe em termos absolutos têm mais miseráveis de que Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Distrito Federal, Paraná, Goiás, Espírito Santo, Tocantins, Amapá, Roraima, Acre, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rio Grande do Norte.
O contraditório desses dados é que apesar dessa realidade social preocupante, o Estado de Sergipe tem o melhor IDH – Indice de Desenvolvimento Humano e de Desenvolvimento sócioeconômico da região Nordeste. A taxa de mortalidade infantil caiu de 21 crianças que morrem antes de completar um ano de cada mil nascidas vivas para 15. Nos últimos três anos foram criados quase 55 mil novos empregos. A renda per capita que representa a riqueza média gerada no ano por pessoa residente no Estado é de quase R$ 10.000,00.
Diante dessa contradição, podemos aqui considerar que esse modelo de desenvolvimento existente hoje em Sergipe não está conseguindo acabar com a miséria. O Governo tem apostado nos investimentos estatais e na reestruturação da infraestrutura do Estado: estradas, pontes, construção de clínicas de saúde da família, delegacias, reformas de algumas escolas, estádios de futebol entre outras obras estruturantes.
Entretanto, os investimentos nas pessoas estão, até o momento, secundarizados. O agricultor familiar pouco tem se beneficiado das políticas públicas para sair da condição de miséria ainda muito alta no campo, na saúde, com a criação das fundações, as clínicas foram construídas, mas é recorrente a ausência dos profissionais da saúde nesses estabelecimentos devidos os baixos salários e a falta de condições de trabalho em função modelo privado adotado e na educação é uma ausência completa do Estado. Já em relação as políticas de inclusão social pouco tem sido feito. Assim sendo, podemos considerar que os investimentos do Estado na reestruturação da infraestrutura para atrair novas empresas não estão sendo revertidos em qualidade de vida para sua população.
Em seu pronunciamento à nação sobre o Dia do Trabalhador, no domingo, 1º de maio, a presidenta da República, Dilma Rousseff, disse que o país vai comemorá-lo como se deve: “com crescimento do emprego e da renda, com economia sólida e pleno de esperança no futuro”. A crença na melhora futura por parte dos brasileiros, de acordo com a presidenta da República, vem da segurança de que estabilidade, crescimento e distribuição de renda, combate à inflação e à miséria serão políticas permanentes.
O programa Brasil sem Miséria que será lançado pelo Governo vai articular e integrar novos e antigos programas sociais, ampliar recursos e oportunidades e, muito especialmente, mobilizar todos os setores da sociedade para a luta decisiva de acabar com a pobreza extrema em nosso país”, afirmou a presidenta. Segunda Dilma o país será “verdadeiramente rico e feliz” apenas quando não tiver pobreza, “com as famílias podendo subir na vida”.
Já em Sergipe, o Governo do Estado ainda não se manifestou sobre as ações que serão implementadas para superação essa realidade social. O Estado cresce economicamente com a vinda de novas empresas, mas esse crescimento precisa ser revertido em melhoria de vida para o povo que mais precisa das mãos do Estado. Não dá para continuar a velha política de crescer o bolo para depois dividi-lo. Esse modelo já está comprovado que não deu certo. Assim urge que o Governador venha a público explicar os dados e quais serão as ações implementadas pelas Secretarias para acabar, de vez, com a miséria em nosso Estado.
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