O debate sobre o aborto e sobre a moral nas eleições presidenciais trouxe a torna elementos da igreja que estavam escondidos há décadas. Como estavam, há algum tempo travestidos de defensores da fé e dos pobres, ficava difícil diferenciá-los. Assim, carismáticas, pastorais, comunidades eclesiais de bases, bem como as religiões evangélicas tinham, aparentemente, os mesmos projetos religiosos. Mas há diferenças sim na forma de atuar e ver Jesus Cristo com filho de Deus e defensor dos oprimidos.
O papado de João XXIII deu a igreja católica uma cara humana e comprometida, de fato, com o povo. A criação das comunidades Eclesiais de Bases e das pastorais priorizou a luta por melhores condições de vida e deu uma versão de cristo a partir da realidade em que vive esse povo. Isso significa que as dificuldades vividas pela população pobre é a principal preocupação de cristo. Portanto, lutar para melhorar de vida de todos passa a ser a vontade de Deus e, conseqüentemente, da igreja. Cristo passa a ser visto no sofrimento, na fome, na miséria, no racismo, no machismo, enfim em todos os problemas que afligem a sociedade.
A ascensão de João Paulo II a partir de uma aliança a CIA-Agência de Inteligência dos Estados Unidos construíram um novo modelo de igreja. Para isso, fizeram uma contra-reforma dentro da própria igreja. Buscaram nas religiões evangélicas o modelo de igreja para contrapor a crescente tendência progressista de Bispos e padres defensores das pastorais e das Comunidades Eclesiais de Bases. Assim, é criado a Renovação Carismática, uma concepção de igreja onde os problemas da sociedade passam a ser “resolvidos” apenas através da fé. A carismática tira dos homens o papel de lutarem para melhorar suas vidas, tudo passa a ser vontade exclusiva de Deus, sem nenhum esforço organizativo para que a situação transforme-se.
A Renovação Carismática e grande parte das igrejas evangélicas são modelos de igreja que não denunciam os problemas crônicos da sociedade e nem, tampouco, vão de encontro aos interesses da burguesia, latifundiários, grileiros, políticos corruptos, ou seja, a elite dominante. Já as Pastorais e as Comunidades Eclesiais de Bases, na medida que passa a organizar os excluídos a lutarem para melhorar de vida mexe, diretamente, com os interesses das elites, por isso que precisavam ser combatidos pelo novo Papa que assumia a igreja católica.
O papado de Bento XVI segue a mesma filosofia de João Paulo II. Portanto, a política de fortalecer a Carismática continua muito forte. O resultado dessa disputa dentro da igreja evidenciou-se nas eleições presidenciais de 2010 no Brasil. De um lado um grupo defendendo que os fiéis votem em Serra. Isso gerou uma reação do outro grupo que declarou voto a Dilma. Tal situação evidenciou as diferenças dentro da igreja.
Mas o que significa a vitória de Dilma e a vitória de Serra para o futuro do Brasil. O que está jogo, de fato, nessa disputa. Vários intelectuais têm buscado explicar o significado e as conseqüências da vitória de um e do outro para o país. Entretanto, a análise da CUT Sergipe mim parece ser o cenário e o que está em jogo. Para a Direção da Central um governo de Serra significa um retrocesso, pois “foi a principal porta-voz dos interesses da elite brasileira. Serra possui as credenciais para tal papel, pois na condição de deputado constituinte votou: a) contra o monopólio nacional de distribuição do petróleo, b) contra as garantias ao trabalhador de estabilidade no emprego; c) contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas; d) contra implantação de comissão de fábrica nas indústrias; e) negou seu voto pelo direito de greve; f) negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário; g) negou seu voto pelo aviso prévio proporcional; h) negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical; i) negou seu voto para garantir 30 dias de aviso prévio; j) negou seu voto pela garantia do salário mínimo real (fonte: DIAP – “quem foi quem na constituinte”).
Soma-se a este currículo, ter sido ministro no Governo FHC de triste memória para o povo brasileiro por ser marcado: a) pela entrega das riquezas do país às empresas estrangeiras, através das privatizações; b) desemprego; c) arrocho salarial; d) degradação ambiental; e) repressão aos movimentos sociais; f) ataques aos direitos dos trabalhadores; g) precarização das políticas públicas.
Enquanto governador do Estado de São Paulo, aplicou fielmente a cartilha neoliberal de Estado mínimo para os pobres e máximo para os ricos: arrocho salarial, repressão aos movimentos sociais(vide os ataques policiais aos professores em greve e trabalhadores rurais), intensificou os pedágios nas rodovias, precarizou a saúde pública e outras políticas sociais.
A campanha Serra aglutinou o que há de mais atrasado e reacionário na sociedade brasileira (grande mídia, fundamentalistas religiosos de direita, grandes empresários e latifundiários e seus principais partidos: PSDB – DEM (ex-PFL)), com um caráter fascista, marcado por mentiras e preconceitos que só encontra similar no período pré-golpe militar em 1964.
Para a CUT não há como vacilar. Apesar dos limites, contradições e equívocos do governo Lula/Dilma, é inegável que este foi superior ao governo FHC/SERRA, ao implementar políticas econômicas e sociais aumentando a participação dos trabalhadores assalariados na força de trabalho e elevando o padrão de vida dos mais pobres, a exemplo de: a)valorização permanente do salário mínimo; b)geração de empregos formais; c)aumento dos investimentos em educação, através da ampliação da criação do FUNDEB, piso salarial dos professores e ampliação das vagas nas universidades públicas; d)política externa em defesa da soberania nacional e da integração da América Latina; e)ampliação de políticas de transferência de renda (bolsa família, expansão do crédito rural); f)redução das desigualdades regionais; g)interrupção das privatizações.”
Assim como está jogo a concepção de igreja está em jogo, também, a concepção de gestão pública no Brasil. São grupos que defendem interesses diferentes. Portanto, mais que claro da existência viva da luta de classes.
Maravilhoso texto, companheiro!
ResponderExcluirCada vez que você escreve, dá a sociedade a oportunidade de retirar a venda da enganação e fugir das amarras da opressão.
Parabéns!
Tem um livro do autor Marcos Tadeu Cardoso intitulado de A VERDADEIRA FACE DOS LIDERES RELIGIOSOS, ele fala e desmascara o Bispo Edir Macedo e profeta William M. Branham. O autor desmascara e fala da corrupção e da manipulação dos fiéis, ele está disponibilizado gratuitamente no 4shared.
ResponderExcluirO web site dele é
http://marcostadeucardoso.blogspot.com