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domingo, 4 de abril de 2010

SÁBADO DE ALELUIA E QUEIMA DE JUDAS: EXPRESSÃO VIVA DA CULTURA POPULAR



Sábado de aleluia é um dia muito especial para os católicos. É nesse dia que se relembra aquele que foi o traidor de filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo. Judas Iscariotes, como é chamado recebeu o sobrenome de Iscariotes, provavelmente, por descender de Queriote lugarejo que estava situada num conjunto de Aldeias de Queriote-Ezron (Josué, 15:21), localizada na província romana da Judéia. Portanto, significa Homem de Queriote (João, 6:71; 13:26). Judas Iscariotes entregou Jesus por trinta moedas de pratas para ser crucificado, sendo, portanto, menosprezado por todos os cristãos como o traidor, mentiroso, sem palavra e todos os adjetivos pejorativos possíveis.

No sábado, todos os católicos batizam alguém ou alguma situação de Judas. Expressão utilizada para traidor, perseguidor, mentiroso, sem respeito com o povo que está sofrendo com as conseqüências das ações dos tais “Judas”. A CUT Sergipe, também, fará a queima de Judas. O objetivo é mandar ao fogo todas as injustiças sofridas pelo trabalhador que é quem paga o pato sempre. Também, denunciar toda a corrupção política do Estado, bem como fatos que marcaram a vida na capital e no interior. Mas as manifestações de queima de Judas acontecem em todo país.

No município de Malhador, povoado Alecrim, Estado de Sergipe vivencie uma manifestação de queima de Judas muito emblemática. Lá a população veste-se de “Judas” para mexer, perseguir a criançada que crescem odiando o tal Judas e quando adultos continuam com a tradição. Todo o sábado de Aleluia, o que se ver no Município é a turma brincando o dia de Judas e a criançada atormentada pelo momento. É muito bonito o espetáculo que se encerra depois da leitura do testamento, onde o Judas deixa para cada morador do povoado um presente não muito agradável.

Essa expressão do sábado de aleluia e queima de Judas mostra, muito bem, como a cultura popular pode resistir as ameaças de padronização cultural imposto pelo processo de globalização da cultura televisiva. A resistência depende, ou da própria população que cria seus momentos, como é o caso do Povoado Alecrim no município de Malhador-SE, ou depende da existência de políticas públicas para estimular tais manifestações. O estímulo pode acontecer tanto através de ajuda financeira as pessoas que mantém vivas as tradições e manifestações culturais do lugar, quanto dando-as condições materiais para que mantenha essas expressões presentes no calendário cultural do município.

O problema dessas manifestações é que elas são utilizadas como momentos de campanha eleitoral antecipada. O uso desses espaços acaba transformando um momento de expressão cultural em palanque para certos políticos. Não foi diferente na queima de Judas em Malhador. É como se o povo fosse, aos pouco, perdendo sua identidade em nome dos interesses individuais.

O queima de Judas deve ser mantido como manifestação popular onde o povo constrói e reconstrói sua própria identidade. Essa identidade sendo repassada de geração em geração que vão reconstruindo a própria cultura. O que lamentamos é que em vez de estimular outras manifestações culturais do povo, alguns políticos a destrói em nome de seus próprios interesses.

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