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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

AS MULTINACIONAIS E A PERMANÊNCIA DO PROCESSO DE COLONIZAÇÃO

O processo de colonização vivido, no passado, pelos países considerados subdesenvolvidos significou a exploração (roubo) das riquezas existentes. Os colonizadores europeus utilizaram na força militar para impor aos povos do resto do mundo seu modelo de sociedade concentrador e excludente. Nesse modelo, um grupo concentrava toda riqueza e a população nativa era excluída de tudo e exterminada. Assim, estabeleceram uma forma de roubar as riquezas desses povos através do trabalho escravo, da destruição ambiental e do extermínio de tribos inteiras.

Passado mais de 500 anos de colonização, essa realidade continua existindo. Entretanto, a exploração que, atualmente acontece, ocorre de forma mais intensa e destruidora. No passado, as nações européias colonizavam os povos através da força militar. Hoje as empresas multinacionais colonizam as nações através das alianças que realizam com um grupo dirigente e poderoso que controla os países. Essa aliança aconteça através do financiamento das campanhas eleitorais milionárias dos políticos aliados que são vitoriosos eleitoralmente, geralmente, comprando voto, fraudando urnas e até oprimindo as pessoas para votarem neles.

Assim, essas empresas obtêm dos governantes uma série de incentivos fiscais sem que haja, por parte delas, contrapartidas sociais. Essas empresas, portanto. Utilizam as nações pobres para explorarem (roubarem) as riquezas existentes, lucrarem muito sem melhoria da qualidade de vida da população. O que chama atenção em relação a essa situação é conivência dos governos locais que permitem tal nível de exploração.

Para entendermos porque isso acontece vamos lembrar do grande intelectual de esquerda, o Peruano José Carlos Mariátegui discutindo a situação do seu país afirmou que: “Nem a burguesia, nem a pequena burguesia no poder podem realizar uma política antiimperialista......Este Governo é francamente, desaforadamente, pan-americanista, manroísta, mas qualquer outro governo burguês faria praticamente o mesmo que ele em matéria de empréstimos e concessões.”

O que Mariátegui discute conosco é o nível de conivência e de concessões que a classe burguesa dominante dos países pobres são capazes de fazer para permitirem a dominação e a exploração (roubo) das riquezas da nação. Assim, para Mariátegui somente através da implementação do socialismo que essa exploração acabaria.

Podemos relatar dois exemplo desse processo exploratório e as conseqüências para os países e seu povo. Os exemplo, aqui relatados, foram denunciados pelo Jornal Brasil de Fato na edição de 28 de janeiro a 03 de fevereiro de 2010. O primeiro ocorrido no Brasil e o outro em Moçambique no continente africano.

Segundo o Jornal, a população do município de Linhares no Espírito Santo está sofrendo com o processo intenso de poluição realizado pela empresa multinacional Coca-Cola. Desde que se instalou no município, a Empresa Mais Indústria de Alimentos, de propriedade da Coca-Cola vem poluindo as águas do Córrego das Pedras que é utilizado pela população para irrigação e consumo humano. Os agricultores denunciam que a água tem um cheiro muito forte em função do alto nível de poluição, resultado do depósito de dejetos químicos jogados pela Coca-Cola no Córrego.

O que chama atenção na denúncia é que os moradores já procuraram a Secretaria de Meio Ambiente do município, o Ministério Público Estadual e o IBAMA e nada foi resolvido, ou seja, a Coca-Cola continua poluindo o Córrego. Mesmo o IBAMA produzindo um relatório constando o elevado nível de contaminação das águas não aconteceu nada contra a multinacional. E para completar o problema, os moradores denunciam que a empresa está construindo uma nova tubulação para despejar os dejetos em outro riacho bastante utilizado pelos agricultores.

Já em Moçambique, a multinacional Maragra que tem o controle dos rios na Província de Maputo, provocou a inundação das terras dos pequenos agricultores rurais. O objetivo da empresa é obrigar os agricultores a plantarem cana-de-açúcar em vez de produtos da agricultura familiar. A Maragra pretende ampliar o cultivo de cana que teve, em 2009, um investimento do Governo para o plantio da ordem de 15 milhões de reais.

Os agricultores tiveram suas terras inundadas para serem obrigados a mudar toda suas rotinas de trabalho, ou seja, deixando de ser agricultores familiares para passarem a serem escravos da multinacional Maragra. Chama atenção, também, a omissão do Governo e órgãos de fiscalização que nada estão fazendo em defesas dos agricultores.

Podemos analisar a partir desses exemplos que o processo de dominação não acabou, apesar desses países serem independentes. A independência foi apenas um processo simbólico de suposta autonomia. Entretanto, a exploração das riquezas continuam de mesma forma e ainda mais violenta. Em nome do lucro as nações consideradas desenvolvidas, através de suas empresas multinacionais continuam explorando, destruindo o meio ambiente e matando as pessoas de fome, contaminação e doenças.

Relembrando o grande intelectual comunista José Carlos Mariátegui, somente com um processo de construção do socialismo como vem acontecendo, de forma mais intensa, na Venezuela, Bolívia e Equador é que esse processo será estancado. Caso contrário, viveremos com níveis de ameaça cada vez maior provocado por esses grupos empresariais.

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