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quinta-feira, 17 de maio de 2012
Aquecimento global, derretimento das geleiras, código florestal e o futuro do planeta terra: Rio+20
Verões cada vez mais quentes, pessoas morrendo por causa das altas temperaturas, peixes migrando para águas mais profundas por causa do calor, gelo das regiões polares derretendo, inundações em algumas regiões, grandes secas em outros episódios climáticos. Essa visão apocalíptica não faz parte de nenhuma profecia exagerada, mas sim representa um quadro real que já está acontecendo nos dias de hoje e que, se não freado a tempo, poderá ter consequências catastróficas.
Estudos realizados nas regiões polares vêm constando um processo preocupante de redução das geleiras. Essa realidade é resultado do aquecimento global que vem mudando os climas da terra e provocando sérias consequências em todo mundo. O Ártico, por exemplo, já perdeu 40% de suas geleiras desde que as medições começaram em 1979. Segundo cientistas, a superfície congelada que desapareceu é equivalente a 44% da superfície dos Estados Unidos.
O derretimento das calotas polares, resultado do processo de aquecimento global, vem provocando alterações significativas no clima da terra. A área dos oceanos que recebem as águas das geleiras mudam os padrões de perda de calor e reduz a evaporação em toda a região. Além disso, esse processo vem provocando mudança nos padrões de circulação de ar. Isso aumenta a incidência de eventos climáticos anormais como secas, ondas de calor e enchentes no período de calor e de nevascas em períodos frios.
O degelo tem impacto direto em todo o planeta, as geleiras têm um papel fundamental na regulagem do clima. Elas refletem parte dos raios solares, entretanto, na medida em que o aquecimento global reduz a superfície refletiva de gelo e neve, mais radiação solar é absorvida, resultando no aquecimento, que por sua vez derrete mais gelo e neve.
Outra consequência grave desse processo são as mudanças no regime de chuvas e de secas em várias partes do planeta, afetando cidades, plantações e florestas. As enchentes têm prejudicado cidades, em todo mundo, com sérios casos de desmoronamentos e mortes. Já as florestas estão sofrendo com a desertificação, enquanto plantações estão sendo destruídas por alagamentos, geadas e secas. O resultado disso é o movimento migratório de animais e seres humanos, escassez de comida, aumento do risco de extinção de várias espécies animais e vegetais, e aumento do número de mortes por desnutrição, enchentes, calor e frio.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) atribui à modificação do clima 2,4% dos casos de diarréia e 2% dos de malária em todo o mundo. Alguns cientistas alertam que o aquecimento global pode se agravar nas próximas décadas e a OMS calcula que para o ano de 2030 as alterações climáticas poderão causar 300 mil mortes por ano. Atualmente as mudanças climáticas são responsáveis por 150 mil mortes a cada ano em todo o mundo.
No ano de 2011, uma onda de calor que atingiu a Europa no verão matou pelo menos 20 mil pessoas. Os países tropicais e pobres são os mais vulneráveis a tais efeitos. No Brasil, por exemplo, as enchentes, resultado do descontrole climático, têm causado mortes de milhares de pessoas todos os anos. Os habitantes das cidades são as mais vulneráveis as enchentes, principalmente, nas áreas pobres onde a carência de infraestrutura é maior.
O degelo das calotas polares pode fazer os oceanos subirem até 4,9 metros, cobrindo vastas áreas litorâneas pelo mundo e ilhas inteiras. Cidades como Aracaju desapareceria com um aumento dos níveis dos oceanos nessa magnitude, uma vez que a cidade fica no mesmo nível do oceano.
A realização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável: Rio+20, entre 4 e 6 de junho de 2012 poderá ser um marco divisório para que se busque formas de desenvolvimento sustentável e punição mais claras aos poluidores, inclusive países. Organizações não-governamentais (ONGs), movimentos sociais e empresariais já se mobilizam para pressionar e propor pautas de políticas públicas aos governos, a fim de que a Rio+20 possa resultar em ações efetivas. No centro das discussões, está o tema “Economia Verde”. Vale ressaltar que a concepção de desenvolvimento para os movimentos sociais e para os empresários são diferente: um defende desenvolvimento combinado com o fim da extrema pobreza com respeito ao meio ambiente e punição aos poluidores; já outros (empresários) defendem um desenvolvimento para gerar lucro, aumento da exploração das nações pobres e concentração de riquezas.
A Rio+20 será espaço para se avaliar os resultados práticos de importantes documentos gestados a partir da ECO 92, como a Agenda 21, as Convenções sobre Mudança do Clima e a Diversidade Biológica, a Declaração de Princípios sobre as Florestas, de Combate à Desertificação, entre outros que foram elaborados posteriormente, como a Carta da Terra, em 2000. O Fórum Social Mundial vem discutindo que é necessário outro modelo de desenvolvimento que priorize mudança da matriz energética para a renovável, da questão nuclear, das hidrelétricas com respeito às populações indígena. A meta da conferência Rio+20 é propor políticas públicas aos governos para que esse modelo de desenvolvimento seja alterado, de modo que não leva ao esgotamento de recursos naturais e ao aumento das desigualdades sociais e territoriais.
O governo brasileiro tem defendido a criação de uma agência guarda-chuva que tenha sob ela várias agências internacionais do sistema ONU. Para o Brasil, existe uma necessidade tanto ética quanto política e econômica de tirar as pessoas da pobreza preservando o meio ambiente. O Brasil está mostrando para o mundo se nada for feito para controlar a situação, o quadro tende a piorar. Entretanto, o país precisa dá exemplo e não aprovar o código florestal que legaliza o desmatamento. O veto da presidenta Dilma ao projeto de lei aprovado pelos empresários e de representantes de empresas (deputados federais e senadores) é crucial nesse momento onde o debate ambiental estará no centro das discussões em todo mundo.
Não dá mais para convivemos situações como a dos Estados Unidos que é responsável por um quarto da produção mundial de CO2, ou 1,48 bilhão de toneladas anuais. É a nação mais desenvolvida do mundo e a mais poluidora. O Brasil está em 17º na lista dos países que mais poluem o meio ambiente, entretanto se o código florestal for legalizado nossa situação vai piorar. O segundo maior poluidor é a China seguido por Rússia, Japão, Austrália, Reino Unido, Itália e Coréia do Sul.
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