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terça-feira, 15 de novembro de 2016

MP 746 e novo Ensino Médio Inovador: duas faces da mesma moeda

O golpe parlamentar-midiático que ocorreu no Brasil em 31 de Agosto de 2016 gerou muitas críticas internacionais ao desmonte da democracia no país. Entretanto, o Governo Golpista para atender aos interesses empresariais editou a Medida Provisória nº 746, chamada de MP do Ensino Médio, como parte da receita ao qual foi colocar no poder. As medidas que vem sendo adotadas demonstram que o golpe tem claros objetivos de ataques as conquistas sociais dos últimos anos e a retirada de direitos da classe trabalhadora, a exemplo da PEC 55 que reduz os investimentos em educação e saúde pública pelos próximos 20 anos.

Para adequar o orçamento federal as medidas previstas na PEC 55 que visa cortar os investimentos em políticas sociais para sobrar dinheiro, visando o pagamento de juros da dívida. O Governo Temer deixa claro que a prioridade da gestão será o capital financeiro. Assim, uma série de programas sociais, inclusive na educação, que vinham sendo implementados nos Governos Lula e Dilma estão sendo encerrados.

A publicação da MP 746 que desmonta o Ensino Médio do país gerou muitas críticas de intelectuais, atos e greves dos trabalhadores em educação e reação dos estudantes que iniciaram luta contra essas medidas ocupando escolas e universidades. Diante da reação à Medida Provisória do Ensino Médio, o Governo Golpista de Temer reeditou o Programa Ensino Médio Inovador que vinha sendo implementado pelo MEC desde 2009.

Segundo o Ministério da Educação-MEC, em seu site, a reedição do “programa Ensino Médio Inovador – EMI foi instituído pela Portaria nº 971, de 9 de outubro de 2009, no contexto da implementação das ações voltadas ao Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE. A edição atual do Programa está alinhada às diretrizes e metas do Plano Nacional de Educação 2014-2024 e à reforma do Ensino Médio proposta pela Medida Provisória 746/2016” O MEC deixa claro que a reedição do programa tem claros objetivos de tentar impor nas escolas públicas a Medida Provisória 746 sem reação da comunidade escolar.

Como o Programa Ensino Médio Inovador já vinha sendo implementado por várias escolas pelo país, sua reedição visa diminuir a resistência a implementação da MP 746. Vale registrar que a chamada reforma do ensino médio é uma medida apenas de reforma curricular, a partir de uma lógica de mercado. A MP se omite ou não trata seriamente de pontos chaves como financiamento, evasão, gestão e estruturas das escolas.

A MP prever como obrigatórias as disciplinas Língua Inglesa, Língua Portuguesa e Matemática. Entretanto, a norma prever que os estudantes serão cobrados nas provas do ENEM por: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. Sendo esses dois últimos itinerários formativos optativos para os estudantes e a oferta optativa para o Estado, gerando desigualdade na disputa entre estudantes das escolas públicas em relação aos estudantes das escolas privadas.

As ações propostas pelo novo programa Ensino Médio Inovador devem contemplar como obrigatórias: Acompanhamento Pedagógico em Língua Portuguesa e Matemática e Língua Estrangeira, especialmente Língua Inglesa, disciplinas que serão obrigatórias na reforma do Ensino Médio imposta pela MP 746. Outras ações podem ser incorporadas pelas escolas como: Iniciação Científica e Pesquisa; Mundo do Trabalho; Cultura Corporal; Produção e Fruição das Artes; Comunicação, Uso de Mídias e Cultura Digital; e Protagonismo Juvenil, mas não são obrigatórias.

Segundo o MEC: “estas ações são incorporadas gradativamente ao currículo, ampliando o tempo na escola, na perspectiva da educação integral e, também, a diversidade de práticas pedagógicas de modo que estas, de fato, qualifiquem os currículos das escolas de Ensino Médio”. De forma proposital, o MEC tenta confundir a educação integral com educação de tempo integral. O novo Programa Ensino Médio Inovador visa implementar nas escolas públicas a educação de tempo integral com o atual currículo. A ideia é nos próximos anos apenas realizar a mudança curricular e, aos poucos, ir implementando a Medida Provisória 746 sem resistência.

No caso de Sergipe, a Secretaria de Estado da Educação realizou encontro com as escolas estaduais que ofertam o Ensino Médio entre os dias 07 a 11 de Novembro de 2016 com intuito de convencer as escolas a aderir ao Novo Programa Ensino Médio Inovador. O Secretário Jorge Carvalho tem realizado reuniões com diretores e técnicos das diretorias regionais para orientar como será o processo de imposição da MP 746 nas escolas estaduais. A adesão das unidades de ensino ao Novo Programa Médio Inovador será o início do processo para implementação da MP 746.

Por trás da imposição da MP 746 nas escolas estaduais sergipanas passa, também, pelo encerramento da oferta do Ensino Fundamental pelo Governo do Estado. Caso essa medida venha acontecer teremos sérios problemas para os estudantes, uma vez que as Redes Municipais não possuem pessoal e condições estruturais para atender a demanda integral do ensino fundamental, podendo deixar milhares de crianças e adolescentes sem acesso à educação e teremos problemas para milhares de professores da Rede Estadual que ficarão sem lotação.

Assim, o Secretário Jorge Carvalho tentar implementar em Sergipe toda as medidas do Governo Golpista de Temer na educação estadual. A redução da matrícula Rede Estadual visa reduzir os investimentos em educação como prever a PEC 55. Entretanto, milhares de sergipanos virão, nos próximos anos, a educação pública estadual sofrer retrocesso. Esse retrocesso impactará, diretamente, na vida dos estudantes e professores. Por isso melhor que o caminho é resistir e lutar contra essas medidas golpistas.

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