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sábado, 4 de dezembro de 2010

Japão: desenvolvimento da economia e direitos dos trabalhadores

A economia japonesa é caracterizada por um moderno e complexo parque industrial que resultou no processo de desenvolvimento do comércio interno e internacional, das finanças através de importantes atuações dos bancos pelo mundo adquirindo outras instituições financeiras, da agricultura através de um processo de reforma agrária que distribuiu terras aos trabalhadores rurais e implementou uma política de financiamento aos pequenos agricultores, além do desenvolvimento de todos os setores da economia. O Japão é uma nação desenvolvida, além do forte desenvolvimento econômico, a população apresenta elevada qualidade de vida.

O país encontra-se num avançado estágio de industrialização, favorecida por um intenso fluxo de informação e uma rede de transportes altamente moderna que interliga as principais ilhas Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kyushu (o país possui 6.852 ilhas a maioria pequenas). As modernas redes de informações e transportes contribuem para integração econômica. Um dos traços da economia japonesa são as importantes contribuições da indústria e da prestação de serviços, tais como o transporte, do comércio por atacado e a varejo e dos bancos ao produto interno do país, no qual os setores primários, como a agricultura e a pesca que têm hoje em dia uma quota menor. Outro traço é a importância do comércio internacional na economia.

O Japão é um país sem recursos naturais, mas tem uma população de 127,4 milhões de habitantes em 2008 em uma área relativamente pequena. A expectativa de vida é de 82 anos; a mortalidade infantil é 2,8 crianças mortes de cada 1.000 que nascem; a população é 99% alfabetizada; a taxa de crescimento vegetativo é de -0,139% em 2008, isso significa que a mortalidade, naquele ano, estava maior que a natalidade.

Contudo, apesar dessas condições restritivas e da devastação de seu parque industrial durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão conseguiu não apenas reconstruir sua economia, mas também tornar-se uma das principais nações industrializadas do mundo. Durante alguns anos após a derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, a economia ficou quase totalmente paralisada em virtude da destruição causada pela guerra, com uma séria escassez de alimentos, uma inflação descontrolada e um agressivo mercado negro.

Mas o povo japonês começou a reconstruir a economia devastada pela guerra, auxiliado no início pela ajuda financeira dos Estados Unidos. Na disputa da Guerra Fria, entre Estados Unidos e União Soviética (capitalismo X socialismo), os investimentos estadunidenses no Japão significaram a tentativa de impedir o avanço do socialismo na Ásia. China, Córeia do Norte, Vietnã, Laos, Camboja já eram socialistas e o Japão poderia ser o próximo, pois foi destruído na Segunda Guerra pelos Estados Unidos, inclusive com duas bombas atômicas. Portanto, os Estados Unidos destruiu Japão e o reconstruiu sem seguida.

Em 1951, o Produto Nacional Bruto foi recuperado ao nível de 1934-36 (antes da guerra). O crescimento populacional inibiu a recuperação da renda per capita da nação, mas em 1954 esse indicador também chegou ao nível de 1934-36 em termos reais. O pessoal militar e os civis juntaram-se ao mercado de trabalho proporcionando uma larga oferta de trabalhadores para a reconstrução econômica no início do período do pós-guerra.

Várias reformas sociais realizadas após a guerra ajudaram a moldar uma estrutura básica para o subseqüente desenvolvimento econômico. A desmilitarização do pós-guerra e a proibição de rearmamento estabelecida pela nova Constituição eliminaram os pesados investimentos que o país vinha realizando com gastos militares. A dissolução dos Zaibatsu (enormes monopólios empresariais) estimulou a livre concorrência, e a propriedade da terra cultivável foi redistribuída em grande quantidade entre os antigos arrendatários agricultores num amplo processo de reforma agrária, dando-se a eles novos incentivos para a melhoria de seus lotes.

Também foi adotada uma agressiva política, com apoio dos Estados Unidos, de acabar com a força de luta dos sindicatos. O resultado disso foi o aprofundamento de um modelo de gestão empresário chamado de “toyotismo” onde os trabalhadores precisavam “vestir a camisa” da empresa. Em outras palavras, quem não trabalhasse do jeito que os patrões entendessem era sumariamente demitidos. Os direitos trabalhistas foram praticamente abolidos, pois não eram respeitados pelas empresas. O enfraquecimento da luta sindical deixou as empresas livres para explorarem ao máximo os trabalhadores e aumentarem ao máximo seus lucros.

O resultado desse modelo resultou no rápido desenvolvimento econômico do país. As empresas passaram a ter lucros elevados, acima da média mundial. O Japão rapidamente desenvolveu sua economia. Já os trabalhadores passaram a sofrer de doenças do trabalho, cansaço, acidentes e mortes permanentes nos ambientes de trabalho. É o país com um dos maiores índices de acidentes e mortes no trabalho. Esse modelo de gestão japonês deu tanto sucesso que foi reproduzido em todo mundo posteriormente, inclusive no Brasil conhecido como qualidade total e 5S.

Com o sistema de produção sendo priorizado, deu-se ênfase ao aumento da produção do carvão e do aço, os dois principais focos do esforço industrial do país. A elevação da produção do aço estabeleceu a base para uma decolagem global da produção, caracterizando um impulso no investimento de capital, sustentado pela recuperação do consumo. Em seguida, a produção foi incrementada não apenas nas indústrias de base, tais como a do aço e dos produtos químicos, mas também em novas indústrias produtoras de bens de consumo, ou seja, eletroeletrônico.

A taxa média de crescimento anual esteve próxima dos 11% em termos reais, durante a década de 1960. Essa taxa ficou bem acima do dobro da média da taxa de crescimento do próprio Japão de antes da guerra, que era cerca de 4% ao ano. A rápida expansão da economia japonesa foi impulsionada pelo vigoroso investimento da indústria privada em novas fábricas e equipamentos. O elevado nível de poupança das famílias japonesas proporcionou aos bancos e outras instituições financeiras amplos recursos para um pesado investimento no setor privado. O aumento dos gastos de capital foi associado com a introdução de nova tecnologia, muitas vezes sob autorização de empresas estrangeiras. O investimento para a modernização tornou as indústrias japonesas mais competitivas no mercado mundial, criou novos produtos e deu às empresas japonesas as vantagens da produção em massa e aumentou a produtividade por trabalhador nesse modelo de produção toyotista.

Um outro fator que está por trás do crescimento econômico do Japão durante esse período foi a existência de uma abundante mão-de-obra com um elevado grau de educação. O país priorizou os investimentos em educação, fato que qualificou a mão-de-obra e contribuiu para que fosse possível entrar no mundo da tecnologia de ponta.

A política econômica do governo, na época, objetivava encorajar a poupança, estimular os investimentos, proteger as indústrias de crescimento e fomentar as exportações. O Japão beneficiou-se com o clima de expansão da economia mundial e com a disponibilidade de um abundante suprimento de energia, que vinha de outras nações por um preço relativamente barato durante esse período.

O principal fato por trás desse crescimento foi o aumento do investimento de capital, usado para construir mais instalações, para aumentar a capacidade de exportação e adquirir o equipamento necessário para responder às mudanças no meio social e econômico, tais como as ferramentas que economizavam o trabalho e aparelhos para eliminar a poluição. O aumento das exportações devido à maior competitividade de preços dos produtos japoneses também serviu de suporte para a constante ascensão das atividades comerciais.

Com a rápida expansão de seu Produto Nacional Bruto, em 1968 o Japão chegou ao segundo lugar, atrás apenas dos Estados Unidos, entre as economias de mercado em termos de escala econômica nacional. A prosperidade sustentada do Japão impulsionou sua posição internacional, mas o rápido aumento de suas exportações e o crescente superávit de seu balanço de pagamentos geraram um aumento das mudanças de outros países em direção ao protecionismo.

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